Tudo o que tende à união é verdadeiro - é falso tudo o que leva à separatividade". Krishnamurti
Acredito que a maior bênção desta vida seja a relação que podemos construir e manter com as pessoas. As relações de troca em um trabalho em grupo, por exemplo, possuem tamanha energia que quando o trabalho termina, mesmo sem querer, os vínculos formados entre os participantes são evidentes. Seja qual for seu papel nesse grupo, sempre há riqueza e troca em qualquer trabalho.
Acredito que a cura do mundo esteja na relação entre todos, relação de igualdade, aceitação, acolhimento e humanidade, no melhor sentido que essa palavra possa ter. Mas acredito também que somente quando estamos conectados em nossa alma e na alma de nossos parceiros é que permitimos que a troca aconteça.
É natural em todas as pessoas uma certa defesa ou precaução quando começa o encontro, mas, pouco a pouco, podemos tentar desconstruir essas defesas, que possuem um único papel, a separatividade e dissociação. Percebo claramente que, quando abrimos nossos corações, corajosamente falamos de nossas dores, nossos sofrimentos e somos acolhidos, todo estresse que trazemos se dilui e entramos em um outro nível de vibração e, de uma maneira quase mágica, o vínculo de afeto se estabelece.
Isso só me faz perceber, mais uma vez, que aquilo que somos e sentimos se reflete diretamente em nossas ações, reações, pensamentos, sentimentos e, principalmente, em nossas relações. Quando transformamos esses sentimentos e deixamos nossas defesas de lado entramos em outro nível de percepção e consciência e conseguimos vivenciar a conexão.
Vivemos em um momento onde devemos olhar o planeta como um grande organismo, onde tudo e todos estão conectados. Um organismo que pulsa, respira, com um coração e células participantes. Somos todos células desse imenso organismo chamado Terra. Estamos todos conectados uns aos outros e nossa cura está na conscientização dessa conexão e na construção de relações mais autênticas criadas a partir do coração e da aceitação da verdade de cada um.
Desde meados do século passado, o século XX, a humanidade como um todo vivia como uma criança protegida pelos pais. Nos desenvolvemos intelectualmente mas nossa segurança pessoal e coletiva estava garantida pelos dogmas e teorias de inúmeras leis fora de nós.
Aprendemos a pensar. No entanto, nosso pensar esteve sempre encoberto por uma lei maior do que nós mesmos. Nossas respostas até então foram dadas por um poder acima de nós. Mas crescemos como raça humana, evoluímos e nos encontramos em um momento onde nossas inseguranças se tornam cada vez mais intensas, pois as respostas que nos satisfaziam já não nos satisfazem mais.
Mas o que nos importa hoje? Acredito que a maior busca que a humanidade se propõe neste maravilhoso momento é a de saber quem somos nós. E a única maneira que temos para isso é nos aventurarmos em uma linda e longa viagem para dentro de nós.
Este é um século onde a autoconsciência pede espaço para se expandir. A segurança religiosa que nos acompanhou durante esses últimos dois mil anos nos foi arrancada e junto com ela o chão onde pisavam bem firmes os nossos pés.
Possuíamos respostas prontas que satisfaziam nossa alma, mas hoje somos quase obrigados, na verdade somos conduzidos inconscientemente, a buscar nossas verdades pessoais, nas quais devem estar inseridas nossas identidades como almas humanas que somos.
Vivemos um momento mágico e assustador, onde cada um de nós é obrigado a encontrar sua própria verdade e isso gera uma tremenda insegurança, a insegurança do século XXI.
O chamado é para que nos firmemos em nossos próprios pés e busquemos respostas individuais que residem no mais profundo de nossa alma. Não existe mais uma única verdade, mas muitas verdades oriundas de cada alma, de cada coração, de cada ser humano que vive neste imenso planeta de luz.
O momento é de desenvolvimento, de entrega a um novo tempo, conexão e, principalmente, respeito às verdades de cada um de nós. Mas para que essa verdade possa ser sentida e aceita, precisamos deixar que a insegurança se manifeste e venha à tona o medo existencial, o medo fundamental comum a todos nós humanos.
Podemos negar esse medo, podemos zombar dele também, podemos racionalizá-lo e congelar totalmente o contato com nossos sentimentos. Podemos inclusive não pensar, nos deixar levar por novos dogmas e teorias que continuam fora de nós.
No entanto, se agirmos dessa forma estaremos negando o chamado, estaremos nos escondendo de nós mesmos e, principalmente, estaremos nos isentando de nossa nova condição humana.
Somente quando esse medo for contatado e aceito poderemos dar o próximo passo em direção à compreensão e integração de nosso espírito. E quando esse passo for dado, certamente encontraremos a segurança que procuramos juntamente com as respostas de quem somos no mundo espiritual.
Somente nossa verdadeira ligação com o mundo espiritual nos dará a segurança que procuramos. Dessa forma experimentaremos um especial e espetacular momento designado iniciação. Nesse exato momento nossa escuridão se dissipará, nossa luz começará a brilhar em nossos corações, e retornaremos à casa do Pai.
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